31 de dezembro de 2008

O princípio do fim…para o “nosso” corta fitas

Primeiro foi o tabu, a espera, a incerteza criada no país, dizia-se nas ruas, nos cafés, nas escolas, em tudo o lado deste nosso jardim à beira mar plantado, o corta fitas hoje vai falar ao país!!!

O suspense foi crescendo, falaria sobre a crise, a dura realidade com que convivem diariamente os portugueses, ou pelo menos a grande maioria?

Todos especulavam sobre o que iria o corta fitas falar, somente a sua fiel escudeira, a sua peão no tabuleiro politico nacional sabia o que ele ia dizer. Já tinha dado o mote, o toque sobre a matéria.

E, eis que a montanha pariu um rato, e o corta fitas veio falar do ESTATUTO POLITICO-ADMINTRATIVO DOS AÇORES, esse grande drama nacional.

Falou, arguiu inconstitucionalidades, enviou artigos para o Tribunal Constitucional, fez um recado para os deputados, esses mandriões, género cartilha que devia ser seguida nesta matéria, vetou.

Por fim, os deputados não seguem as suas recomendações, grande parte deles e de todos os partidos, somente o partido das setas e dos semestres democráticos, dirigido pela peão, mudou de opinião, de voto a favor, diga-se repetido, passou a abster-se, na sua maioria.

Enfim... posto tudo isto, veio o corta fitas falar novamente aos portugueses ainda agastados com a crise e enfartados da ceia natalícia, e eis que vem falar novamente do mesmo.

Acusa a AR de falta de lealdade, que a democracia corre perigo, que se está perante uma estratégia político partidária. Os partidos, esses grandes malandros da democracia lusa, vieram aprovar uma lei inconstitucional, que os actuais deputados, esses mandriões eleitos pelo povo (mas que devem lealdade, ao que parece, mais aos presidentes dos partidos do que ao povo que os elegeu) vieram retirar poderes ao corta fitas, desequilibrar a balança das instituições democráticas, obrigar o corta fitas a promulgar uma lei que ele considera aberrante e ferida de constitucionalidade.

Pois bem, não acho que isto seja bem assim, na minha muito modesta e parcial opinião – não gosto, não apoio, não votei, nem votarei no actual corta fitas – o que se passou foi um estratagema do corta fitas querer mostrar quem manda, quem dá as cartas politicas em Portugal.

Pois, vejamos, se a lei é, na opinião do corta fitas, inconstitucional, ou pelo menos dois artigos dela, porque não foram estes enviados para o Tribunal Constitucional para que este apreciasse preventivamente da sua constitucionalidade, como o foram alguns artigos da primeira versão da lei?

Se a relação das instituições da democracia portuguesa estavam tão bem e veio a AR agora abrir um grave precedente, porque vetou politicamente o corta fitas uma lei que tinha sido aprovada por UNANIMIDADE na AR?

Ora esta matéria é apenas um teste que o corta fitas faz à postura do governo e da actual maioria, a ver se estes lhe iam ou não ser submissos, se fossem, então a peão poderia ir calmamente a votos, pois isso seria forma do partido das setas e da semestralidade democrática chegar ao poder com, possivelmente a maior derrota de todos os tempos, (o ps não conseguiria a maioria absoluta e Sócrates não sabe governar sem ela, pelo que a peão seria a solução ideal, levando o maior banho de sempre e mesmo assim chegaria ao poder pois, com a bênção do corta fitas, garantiriam a maioria absoluta pós-eleitoral na AR) e o país ser governado a partir de Belém, uma vez que em S. Bento residiria um Primeiro Ministro refém, do corta fitas e da sua fiel escudeira.

Pois bem, Sócrates e o PS, não caíram nessa… e o corta fitas ficou a fazer figura disso mesmo, de corta fitas… eis o princípio do fim…

Post Script - Desculpem a extensão do texto, mas foi o que consegui fazer.

21 de dezembro de 2008

Ainda mais grave do que a crise! Ou querem alguns iluminados fazê-lo parecer...

Em entrevista ao programa "Balanço e Contas", Ramalho Eanes, ex-Presidente da República, fez algumas declarações que muita gente tomou como polémicas, como pode ser visto aqui e aqui.
Segundo alguma comunicação social, o ex-presidente declarou que Cavaco Silva deveria dissolver a Assembleia da República por causa da aprovação dos Estatutos dos Açores, caso não estivéssemos durante a actual crise.

Como eu não tenho muito que fazer à noite e prefiro ficar deitadinho na cama a ver a RTP2 do que ir para o café ver as paisagens, por acaso vi a entrevista.

E por ter visto a entrevista é que fiquei admirado com o escândalo que se tem feito às declarações do Sr. em questão.

Quando confrontado com o que Cavaco Silva deveria fazer em relação ao Estatuto dos Açores, Ramalho Eanes responde dizendo que este deveria lutar até onde a lei o deixasse lutar.

O sr. jornalista fez o seu trabalho, e muito bem, perguntando logo de seguida a Ramalho Eanes se isso significaria dissolver também a Assembleia da República, pergunta que apanhou o sr. de surpresa, denotando-se para quem estava a ver a entrevista que ele não tinha equacionado sequer esse cenário.

Deparado com esta questão, Ramalho Eanes, respondeu dizendo que a dissolução não seria um cenário aceitável, ainda mais estando o país a atravessar uma grave crise como a actual, sendo que o cenário da dissolução seria hipoteticamente aceitável se não estivéssemos em crise.

Pouco depois a entrevista terminou, tendo ainda Ramalho Eanes dito que não revelaria a sua intenção de voto neste momento.

A meu ver isto é mais uma tentativa de meia dúzia tentarem fazer escaramuça para vender jornais do que outra coisa qualquer. Mas isto sou só eu que sou muito inocente a analisar estas coisas...